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domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano novo, impostos novos :)

No primeiro dia de um ano que se avizinha fabuloso e repleto de oportunidades fantásticas, cumprir-me-ia escrever um pequeno texto, não maior que "Os Lusíadas", exultando as virtudes de 2010 e as efemérides de maior nota - e foram tantas...

Felizmente, e como ninguém me paga por isto, posso antes escrever o que me apetecer, sem constrangimentos temáticos nem revisões editoriais - e vou então aproveitar para divagar um nadinha sobre os 5 piores filmes de 2010, de uma forma invulgarmente sucinta... Pelo menos para mim :)

Vamos começar pelos piores, porque tem sempre uma toada mais construtiva, e depois acaba-se em grande ;)


5 - "Clash of the Titans" de Louis Leterrier (Confronto de Titãs, em tuga)

Com um elenco de notáveis - Liam Neeson, Ralph Fiennes, Mads Mikkelsen, Gemma Arterton - e encabeçado pelo senhor do "Avatar" - Sam Worthington -, este filme tinha tudo para ser um sucesso - filmado em 2D, (mas rapidamente convertido para 3D), recriava a viagem mitológica de Perseus numa demanda para eliminar os esbirros do mal da superfície do planeta.

Na realidade, nem os actores salvaram uma história que parece ter sido escrita por Isabel Alçada depois de ver um compacto da "Xena - a Princesa Guerreira" e outro d"As Aventuras de Hércules" - aliás, o filme está ao nível de um eventual "Uma Aventura... de m***a" - entre as imagens desfocadas, os monstros arraçados de Power-Rangers, os efeitos especiais de trazer por casa e uma narrativa epiléptica, aproveitou-se o factor comédia e as melhores cenas (belíssimamente montadas pelo editor) do trailer.

Ainda assim, vendeu bastante bem - o que prova que a malta, depois de ver o "Avatar", papa tudo que diga "3D"...

Tão mau como... Ser devorado vivo por formigas guerreiras, ao som da voz do Justin Bieber.



4 - "The Last Airbender" de M. Night Shyamalan (O Último Airbender, em tuga)

Bem, por onde começar?

A mente alucinantemente inconstante (e digo-o de uma forma muito negativa) de Shyamalan pegou num "anime" de culto sobre um puto com tendências messiãnicas, capaz de conjurar todos os elementos, num planeta em que todos os habitantes se limitavam a poder controlar um, e tentou condensar quase 100 horas de material num filme de 2 horas.

A série animada, trasmitida pelo canal Nickelodeon entre 2005 e 2008, era bastante divertida, tinha sequências fantásticas, personagens ricas em detalhe e uma narrativa ocidentalmente incoerente mas orientalmente perfeita - seria portanto uma coisa supostamente fácil de adaptar ao grande ecrã, com 150 milhões de dólares de orçamento, 3D e os efeitos especiais da ILM...

Lamentavelmente, o realizador (que queria que este fosse o 1º de uma trilogia) resolveu pegar em perfeitos amadores para os papéis principais - sendo o mais notável o ex-amador de "Quem quer ser bilionário" -, esqueceu-se que as personagens eram o mais importante e esperou que os efeitos especiais do fogo e da água em movimento preenchessem o lugar da história e de um qualquer fluxo narrativo - resultado?

Uma data de dinheiro desperdiçado, um número razoavelzinho de cinéfilos confusos e desapontados e mais um preguinho no caixão que é a carreira de M. Night - esperamos ansiosamente pela sequela do "O Protegido"...

Tão mau como... Ser sodomizado à bruta pela totalidade do elenco masculino de um filme porno senegalês, usando preservativos revestidos a lixa de água.



3 - "Sex and the City 2" de Michael Patrick King (O Sexo e a Cidade 2, em tuga)

Para quem tinha sobrevivido ao assalto da vacuosidade que foi o primeiro filme, Sarah Jessica Parker (a mini-milk), Kim Catrall (a ninfo), Krystin Davis (a betinha) e Cynthia Nixon (a freak) reservaram algo ainda mais insípido, desprovido de lógica e totalmente isento de carisma para a sequela.

Com a premissa de uma deslocação a Abu-Dahbi, nos Emirados àrabes Unidos, para assistir a um filme em que participa o ex da ninfo, o elenco em peso procura desesperadamente por piadas sobre camelos, areia e guarda-roupas desadequados, falhando miseravelmente em todas as tentativas.

O filme é tão mau que nem os fãs do primeiro (ok, "as" fãs) conseguiram encontrar a justificação para os euros que tinham desembolsado - esperavam, encontrar as trintonas boazonas do costume, com tiradas sarcásticas, humor a cair para a queca e gajos bons amiúde - levaram antes com tipas a roçar os 50's, com rugas até aos pés, sem pachorra para a vida, para as roupas e para os homens e, pior de tudo, sem graça nenhuma. 

Tão mau como... Atirarem-nos soda cáustica para os olhos e só nos darem um picador de gelos para a tirarmos.



2 - "The Back-up Plan" de Alan Poul (Plano B...ebé, em tuga) 

Esta obra de arte do (pésimo) cinema romântico contemporâneo, ao contrário dos outros filmes deste apanhado, já tinha tudo para falhar, mesmo no título em português - não se pode dizer que as pessoas não iam avisadas, quando sabiam que o filme era interpretado pela mulher que, sozinha, destruiu não só alguns filmes promissores ("Anaconda", "Olhos de Anjo", "Encontro em Manhattan"...), como a carreira e a credibilidade de Ben Affleck durante 10 anos - falo, naturalmente de Jennifer Lopez (J-Lo, para os fãs).

O argumento é sobre uma trintona, com o relógio biológico a passar dos 200, que resolve ser inseminada artificialmente porque não descobre o homem ideal e tem de ser mãe ASAP - nesse mesmo dia, naturalmente, ele aparece. 

Curiosamente, nem são as piadas sem graça (que gozam com tudo o que ser pai possa ter de bom), ou as interpretações nulas (que alternam entre o grotesco e o catatónico) que estragam o filme: é mesmo o ritmo da história que teima em não avançar - sentimos, nitidamente, que o filme demora MESMO os nove meses, mas sem qualquer momento enternecedor, cómico ou inteligente pelo meio...

Tão mau como... Ser submetido a cirurgia dentária, sem anestesia, com um martelo pneumático, durante nove meses.



1- "Little Fockers" de Paul Weitz (Não Há Família Pior!, em tuga) 
  
Numa tentativa desesperada de ordenhar uma vaca que já passou (muito) da idade lactante, os produtores do filme gostariam de nos fazer crer que ainda há imenso humor a ser retirado de situações recauchetadas, de "gags" sobre mal-entendidos e de piadas escatológicas e/ou grosseiras.

No espírito natalício, em que tantas famílias optam pelo refúgio seguro das comédias ou da animação para arrastar os mais pequenos, a armadilha estava montada - um elenco familiar, mas luxuoso, em que pudemos rever Robert de Niro e Dustin Hoffman, acompanhados de Ben Stiller, Owen Wilson, Barbra Streisand e a sempre interessante Jessica Alba, não chegou para esconder uma aberrante falta de ideias e actores em piloto automático.

As 4 (contem-nas...) piadas do filme são repetidas ene vezes, as "punch-lines" topam-se com 3 dias de antecedência e quando finalmente termina, uma das perguntas nas nossas mentes é, indubitavelmente, "Onde é que eu estava com a cabeça??". A outra será "Como é que convenceram o De Niro e o Dustin Hoffman a fazer isto???", e ficará igualmente sem resposta.

Tão mau como... Acordar, todos os dias, no pior dia das nossas vidas e saber que não podemos fazer nada, mas mesmo nada, para o impedir.



Bom, o vosso sofrimento termina por hoje, que já se faz tarde - mas amanhã, pela fresquinha, a ver se compilo a lista dos 5, ou talvez 10, melhores filmes de 2010, que não vos quero a pensar que o ano passado foi só coisas más... :)

Feliz 2011, que em 2012 isto acaba tudo :p