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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

When You Wish Upon a Star... :)

Ao fim de longos quatro meses, eis-me de regresso, amigos, à prosa sem sentido e aos textos repletos de palavras exageradamente rebuscadas :)

O tema de hoje, sempre actual e ciclicamente abordado por milhares de sites da especialidade, o das Perseidas - sim, sim, já sei o que estão a pensar, mas o que sabe este cromo sobre cenas com nomes gregos a resvalar à bruta na casquinha de atmosfera da nossa bola azul?

Pois, olhem, vou ser absolutamente sincero, muito pouco mesmo, mas era isto ou falar sobre as medidas de austeridade que só o são para quem já não pode com um felino pela cauda, ou dos Jogos Olímpicos de Londres, de onde Portugal trouxe de volta (quase) apenas etiquetas nas malas a mostrar que lá esteve - qual deles o tema mais triste - possivelmente as etiquetas, que tiveram de voltar com os nossos atletas...

Assim sendo, googlei que nem um doido tudo o que encontrei (957.000 resultados num quarto de segundo - li o primeiro) sobre este fenómeno anualmente recorrente, entre 11 e 13 de Agosto, com o seu dia de glória a 12 - quem esteve disposto a um torcicolo com uma dose extra de falta de descanso nessa noite pôde - alegadamente, que nestas coisas nunca há certezas - ver até 100 - contem-nos bem, para cima de 10! - pedacinhos de lixo cósmico, a entrar na nossa atmosfera, por hora, a velocidades espantosamente elevadas (pra lá de muito depressa, mesmo), sobreviventes de calhaus estelares maiores que tiveram a infeliz ideia de andar à porrada com planetas e não estiveram para esperar pelo INEM.

Na sua maioria são pequenitos, entre o tamanho de uma unha de gel da Maya, e o do cérebro liofilizado do Miguel Relvas (escala de referência: passa do Natal, mas com equivalência de figo seco). Alguns, cerca de 5%, lá poderão ser maiores, mas nunca excedendo as dimensões do Orçamento de Estado da Etiópia num dia de muito calor.

A parte bonita desta entediante explicação com pretensões de humor é que, de uma forma geral, a maioria das pessoas que contemplou o fenómeno optou por interpretá-lo à sua maneira, o que geralmente oscilou entre o "Vou fazer um desejo antes que o risquinho desapareça!" (fadado ao insucesso, a não ser que o desejo seja "não ter tempo de fazer um desejo", que aquilo acaba em meio segundo) ou o "Sinto-me com sorte, vou jogar no Euromilhões!", o que resulta muito melhor se não estivessem estado a ver as estrelas enquanto conduziam uma moto sem olhar para a estrada - a sério, pessoal, se tiverem dúvidas, nas bikes as partes de borracha são para baixo...

O que nos traz, curiosamente, à temática quase mística (e praticamente inexplicável) de nos sentirmos singulares quando vemos algo que - julgamos - pouca gente vê. Sentir-nos-emos bafejados pelo destino? Se sim, é uma brisa fresca numa noite de Verão, ou o hálito de um idoso alcoolizado a perguntar as horas? Suponho que tudo dependa do que esperamos da vida, e da probabilidade desta ser afectada por pedritas que se transformam em nada a centenas de quilómetros acima das nossas cabeças.

Se forem daquele grupo que crê nas voltas predestinadas de cartas ambíguas e constelações que formam figurinhas altamente suspeitas, uma estrela cadente (coisa que não existe em nenhum ponto do universo, só para vossa informação - as estrelas não caem, ok? Se pudessem tropeçar - que também não podem, porque não têm pernas - não caíam na mesma, porque no vácuo até a Simara flutuava.)... Enfim, perdi-me, onde ia eu.. Ah, pois, uma estrela cadente, para essas pessoas, será o equivalente a uma pata de coelho (se fosse do coelho que estou a pensar, ainda acreditava que algum bem viesse daí...) com trevos de quatro folhas entre cada dedo, uma figa enrolada ao pelo e um olho gordo a servir de pega - resumidamente, uma coisa mesmo muito à frente - pelo que imagino que com 100 por hora, o resultado para o desgraçado que as visse só podia ser uma overdose de sorte com resultados catastróficos, estilo "Final Destination" cruzado com "Jackass" - contas feitas, é melhor só ver uma e fechar logo os olhinhos, para não exagerar...

Se, por sua vez, pertencerem àquela malta que acha giro e tal mas prefere antes ver um vídeo disso no YouTube, já resumido e com música ambiente, sem a seca da espera, das câimbras e da desilusão de só ter visto 5 em 3 horas - sendo duas delas um avião e uma cegonha, respectivamente - então todo este texto já vos adormeceu algures entre o título e o primeiro parágrafo - na vossa geração, cenas que não mexem rapidamente, fazem muito barulho ou, preferencialmente, ambas ao mesmo tempo, são só para velhotes e malta sem perfil de Facebook. Temos pena, mas há coisa que ainda vale a pena ver com os próprios olhos, como o penteado do Marante ou o Sol a pôr-se sobre o mar - em categorias diametralmente opostas, naturalmente.

Como não quero esgotar a vossa paciência, deixo aqui uma consideração, para acabar: quando o vosso tempo terminar neste plano, lembrem-se que as memórias reais de uma vida bem vivida são o que vos vai separar de todos os betos que passaram a vida a fazer "likes", partilhar fotos dos outros e vídeos de gatinhos, a cuscar as vidas alheias e a comentar sobre as escolhas de quem não lhes pediu a opinião.

Saiam de casa, vão ver o céu, sintam a chuva no rosto - enquanto escrevo está a chover -, sintam o cheiro da relva acabada de cortar, andem da mãos dadas com alguém de quem gostem, sentem-se numa esplanada com amigos e riam-se de coisas boas, e, diferentemente das "estrelas" deste texto, caiam muitas vezes, sem medos, mas levantem-se sempre a seguir - a experiência já valeu a pena.

Boa noite :) 



sexta-feira, 6 de abril de 2012

O amor e outras drogas :)

Amigos, com um pequeno interregno de 3 meses e uns trocos, eis-me de volta ao blog; o tema é semi-recorrente, mas a sua actualidade é indiscutível.


O poder curativo das coisas imensuráveis, o valor imenso das coisas em que acreditamos, a força das nossas convicções e a insustentável leveza do pensamento - abstracções da nossa cabeça ou panaceias milenares?


Todos já vivemos situações em que nos foi pedida calma. Ou talvez o contrário, uma acção. Reacção. Já o fizemos para outrem. Já impusemos racionalidade em momentos impulsivos e já nos forçámos a reagir em momentos de puro pânico. Já pedimos a alguém para acreditar em desfechos impossíveis e já acreditámos nós mesmos em causas perdidas. 


Hoje vou falar-vos de uma experiência pessoal, que poderá falar-vos ao coração ou não, que cada um sabe de si. Posso dizer-vos, no entanto, que para muita gente ver será sempre crer, sentir será sempre acreditar. 


Tive de efectuar, recentemente, uma visita áquele sítio onde se vai quando sentimos que o nosso tempo aqui pode estar por um fio, e precisamos urgentemente de ajuda - e lá esperei, como toda a gente, pela minha vez. 


Foram só umas horas. Mas o que me levou lá? A garganta começou a inchar. Por dentro. Deixei de conseguir respirar. A meio de uma refeição. Sem razão aparente. Pensei que pudesse ser alergia a algum alimento. Ou um conjunto de outras coisas igualmente más. Aparentemente terá sido apenas uma crise de pânico, que terá causado uma violenta reacção do meu sistema respiratório. Nada de mais.


Mas entre as 23 horas desse dias e as 3 da manhã do dia seguinte, essa insignificância foi o centro da minha vida. Que eu pensei, genuinamente, que pudesse estar a terminar. Aquela história da vida a passar-nos à frente dos olhos? Nope. Luzinha no fundo do túnel? Também não. Mas o resto estava lá.


Imagino que os mais fortes e resolutos de entre vós tenham  um conjunto porreiro de etiquetas nas pontinhas dos dedos, prontas a colar aqui no blogger. 


"Stressado". "Histérico". "Irracional". "Exagerado". "Drama Queen" (pronto, "King" neste caso). 


Aceito todos com um sorriso. E nem sequer é um daqueles cínicos. É sentido. O sorriso de quem passou por algo que o mudou. Que já esteve desse lado. Que até viver a sensação talvez cantasse de galo. Alguém que amadureceu.


Porque, quer queiramos quer não, todos somos verdinhos até amadurecer. 


Por vezes a vida acelera esse processo, outras vezes são os amigos, os familiares, os acontecimentos inesperados... Mas acreditem, a teoria de pouco serve em certos casos, e empalidece face à prática, como uma fada do Twilight, perante uma tia de solário.


No fundo, e esquecendo as metáforas, a minha mente subconsciente, reagindo a acontecimentos recentes, libertou quantidades espantosas de adrenalina no meu sistema e provocou uma reacção que poderia ter tido consequências mais graves se eu estivesse longe de um hospital, a conduzir ou sozinho nalgum lado.


A minha mente. Como algo separado, mas parte, de mim. Um censor interior, se quiserem.


Que teorias novas e velhas mudem os nomes às coisas, mas a verdade é que todos temos ainda os velhinhos três registos: o consciente que escreve blogs, o sub-consciente que está a processar toda a informação no segundo balcão, e o inconsciente que só sai à rua quando as luzes se apagam.


A verdade é que aquilo em que acreditamos tem o poder de se tornar realidade, de alguma forma, ainda que primariamente só para nós. O meu consciente acreditou que eu estava a morrer. Mas a parte assustadora, é que por vezes não sabemos que acreditamos. Não temos explicações para atitudes, medos, preconceitos e reacções. Por vezes, uma parte escondida de nós tomou as rédeas e nós deixámo-nos levar, como um barquinho de papel a caminho de uma sarjeta, num dia de muita chuva.


O meu sub-consciente mandou-me uma carta armadilhada com estalinhos. O meu consciente transformou-a em C4. Com anthrax. E um Smiley amarelo, com uma gotinha de sangue a escorrer.


Da mesma forma, em situações de maior stress, o meu consciente, apoiado pelas experiências passadas, (o sub-consciente a fazer-se útil), em que tudo tinha corrido bem, contribuiu para que mantivesse a calma e conseguisse ultrapassar, sem esforço, coisas muito complicadas.


Aquilo em que acreditamos faz um mundo de diferença. A fé num resultado. Há curas milagrosas que mais não são que um sistema complexo a funcionar de uma forma simplesmente brilhante. O chamado poder do pensamento positivo. Células que mudam o seu comportamento. Órgãos que recuperam motilidade. Lesões que desaparecem.


A medicina tradicional chama-lhes milagres, ainda que sem a conotação teológica. Eu chamo-lhes uma máquina bem oleada. Emoções canalizadas para fins que beneficiam o indivíduo, e por vezes também os que o rodeiam. Fluxos constantes de hormonas e enzimas alterando desfechos esperados e demonstrando, além de qualquer dúvida, que o órgão mais importante do nosso corpo é mesmo uma grande passa enrugada.


O amor, por exemplo, cura tanto como fere. Cria tanto como destrói. 


Mas quando está em modo "King of the World", somos invencíveis. Mais resistentes. Mais fortes. Mais rápidos. Não nos cansamos tão depressa. Não precisamos de dormir tantas horas. As dores passam para segundo plano. A nossa tolerância aumenta. A nossa simpatia duplica. Todos os nossos ritmos internos se alteram. A chuva não molha. O frio não gela. O calor não queima. Se a Pfizer descobre uma maneira de patentear isto sem efeitos secundários, o Viagra passa a uma relíquia do passado :)


Infelizmente, em modo "Emo for the Ages", provoca descompensação aos mais variados níveis. Olhar triste. Lágrimas fáceis. Espasmos. Suores frios. Vómitos. Diarreias. Arritmias. Enxaquecas. Perda de força. Cansaço crónico. Alergias. Lesões cutâneas. Feridas que demoram muito mais tempo a fechar. Mau humor. Irascibilidade. Falta de compreensão. Insónias. Sentimentos de rejeição.Tudo custa a fazer. A vida parece uma desafio intransponível. Se conhecerem quem pareça padecer de tudo isto, podem apostar que a causa é só uma.


Resumidamente, não há maior droga que a felicidade. Não há maior castigo para os invejosos que vê-la nos outros. Não existe prova mais provada do que as vidas mais longas, com maior qualidade e com mais alegria das pessoas que estão felizes. E o contrário nas outras.


Se eu acreditar eu posso muita coisa, mas se o meu peito estiver cheio daquele sentimento que nos faz voar (não é Redbull, que isso é tanga) eu sou capaz de ultrapassar todos os obstáculos que surjam à minha frente. Eu não terei medo. Nem imagino derrotas. Morte? 


O amor é imortal :D


Feliz Páscoa meus amigos, e lembrem-se que mesmo que duvidem que os coelhos ponham ovos de chocolate, acreditem que o amor pode mudar a vossa vida :D