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quarta-feira, 6 de abril de 2011

The Love Bug - O Amor é um bug (?) :)

Boa noite, meninas e meninos - parece que é nestas horas que eu produzo mais, por isso há que aproveitar...

Mais uma insónia patrocinada pelo actual estado de coisas, mais uma quente e fascinante noite passada de rato em riste e teclado em prontidão - e como tal, urge falar de algo que me induza uma sensação de profundo relaxamento, uma espécie de nirvana emocional e físico, um sentimento descontente...

Estava a carregar o meu iPhone, companheiro de muitas aventuras e desventuras, a sincronizá-lo com o iTunes - que os meus gostos musicais eclécticos não se compadecem de ninharias como "espaço livre na memória" - enquanto abria o Live Mail, o Facebook, o IMdb, o Gametrailers, o IGN, o Meetic, o Badoo, o Zoosk - the usual...

Enfim, uma miríade de janelas e janelinhas polulavam no meu ecrã de 24", cada uma chamando a atenção para "updates", "feeds", "newsflashes" e outros nomes esotéricos - habituado a estas lides, aguardava placidamente pelo actualizar das imagens e das mensagens, quando tive uma das minhas epifanias patenteadas, daquelas que dão direito a uma lâmpada de incandescência (mas verde, que eu sou ecológico no pensamento) a parpadear aproximadamente 15 cm acima do meu ocipital.

Num mundo tão electrónico, em que o dia-a-dia de todos nós já não dispensa algum módico de tecnologia, ter-se-á o próprio amor reduzido a uma prosaica falha de software? Um pedacinho de código hiperactivo sem Ritalin?

Em suma, será o amor um "bug"? Ou talvez um "vírus"? Um "trojan"? Quiça um "worm"?

Os "sintomas" que afectam a nossa máquina senciente parecem indicar que sim - gera comportamentos erráticos e aleatórios, espasmos involuntários físicos e mentais, manifestações públicas de nítida perturbação emocional, ausência de instintos básicos de sobrevivência - como comer e beber, perda de noção da realidade, com alucinações frequentes em que julgamos ser imortais, invencíveis ou ter uma conta bancária sem fundo e faz-nos incorrer em situações em que nunca nos imiscuiriamos se o dedinho de testa estivesse a operar normalmente...

As outras espécies animais, mono ou poligâmicas, reservam as suas energias copulativas para alturas próprias em que os seus comportamentos, digamos, aparvalhados, são perfeitamente aceitáveis e compreensíveis - já os seres humanos, quando infectados pelo bug do amor, deitam as convenções às urtigas e trazem à tona o melhor e o pior do seu código-fonte, faça chuva ou faça sol, em todas as estações do ano, sem pausa para o café.

Tal como um erro de programação de um engenheiro informático que fez tudo à matroca, o amor é o que os americanos chamam um "game-changer" - ou, como diz uma conhecida música, "love, love changes everything" - um ditado ancestral afirma ainda que "all is fair in love and war" - topem-me bem a gravidade deste estado de coisas!

Quando o nosso pobre sistema operativo está "comprometido" pelo bug, as regras mais elementares da previsibilidade e do senso-comum saem pela janela (sem asas e agarradas a uma bigorna) - temos janelas que abrem sem querermos, aplicações que fecham sem mandarmos e uma imensidão de coisas que deixaram de funcionar sem percebermos porquê - e ligar e voltar a ligar não resulta, porque o raio do botão não existe...

Para nossa infelicidade, o ser humano versão 2.0 ainda não está disponível nas lojas, pelo que temos de nos contentar com esta "release" - sem firewall, sem antivirus, sem backups, sem botão de reset e sem a mínima ideia do que está a fazer.

O amor, seja como o "vírus" que se infiltra nas nossa defesas e nos deixa de rastos, o "trojan" que entrou mascarado de amizade inocente e era afinal algo de muito mais sórdido, o "worm" que sobrecarrega os nossos sentidos com pedidos de tempo de processador que já não podemos dispensar ou o tal "bug", que nos desorienta, de forma imprevisível, e nos vira o mundo do avesso, o amor é único...

O amor é uma aventura permanente, a força mais poderosa da criação, capaz das maiores cretinices, mas simultaneamente dos mais doces momentos de candura, coragem e abnegação - o amor transforma o mundo todos os dias, sempre que alguém se apaixona, sempre que um enamorado sorri, sempre que um americano dança à chuva enquanto canta, sempre que uma cantora de burlesque o nega, do topo do seu elefante...

O amor trouxe-nos até aqui hoje, mover-nos-á para ali amanhã e acabará por nos deixar acolá quando menos o esperarmos - como convém a um código malicioso, criado com o propósito único de semear a confusão, o descontrole e criancinhas :)

Por mais vezes que o meu sistema tenha tido de ser formatado, por mais instãncias em que tive de tentar reconstruir o meu disco rígido a partir de caquinhos, por todas as ocasiões em que reconheci todos os sinais de perigo e não fiz backups... Valeu sempre a pena. Sempre.

Não trocava nenhum momento de alegre inconstância por um sistema matemático inviolável e enfadonho, em que tudo tem o seu lugar, tempo e sentido.

Um dia destes a ver se desligo a firewall, deixo de actualizar o anti-virus e relego os backups para ao pé da minha coleção de VHS - que já é tempo de voltar a sentir o vento no rosto, outra vez...

Esse dia pode ser já hoje... Mundo, estás feito :)




3 comentários:

  1. Uhhhhhhh...cuidado ;D irás tu sair da tua "caverna hightech"???? Virús ou não, parece-me que este será daqueles que vale a pena a infecção. As mudanças que se dão quando já estamos infectados...ou mehor ainda, quando está o próprio do virús a entrar-nos no corpito, são do melhor que há. Independentemente do final...da cura...da recuperação mais ou menos lenta...a fase da virose é tãããããããããããão boa :D
    Benvindo ao mundo dos que gostam de uma ou outra boa infecção ;D

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  2. Mais uma vez um brilhante post. De facto estou prestes a chegar à conclusão de que o amor, é mesmo semelhante a um “vírus”, e por vezes da pior estirpe que ataca o nosso sistema operativo quando menos estamos à espera, deixando-nos completamente “tãtans”, “parvinhos”, “totós”, e por vezes sem defesas...enfim!!! E quando isso acontece, não há anti-vírus, nem firewall, absolutamente nada que o possa impedir de entrar...ninguém está imune!!

    Podes sempre tentar formatar o disco rígido do teu coração, e quem sabe, voltar a instalar todo o software emocional com todas as actualizações possíveis e imaginárias, mas ainda assim, se o vírus for multi-resistente, o sucesso não é nada garantido.

    Então o que fazer?! Como diz o velho ditado: “Se não podes vencê-los, junta-te a eles”...nesses casos nada mais há a fazer a não ser resignarmo-nos e tentar tirar o melhor partido possível desta terrível virose, que nos deixa completamente aturdidos, desprovidos de raciocínio lógico e que nos leva a cometer as maiores “loucuras”, tudo em prol daquilo a que chamamos “amor”.

    Por isso, vamos aproveitar o lado bom das viroses, (sim, porque também existem momentos bons!!:p), viver um dia de cada vez, saborear cada momento como se fosse o último, e acima de tudo...Sermos felizes!! Bujinho grande!! Sandra G

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  3. Tenho que te começar por dizer que há vários tipos de "amores". O amor que temos aos nossos familiares, aos amigos, a amizade pura também é uma espécie de amor e ao contrário do que as mentes mal-intecionadas, pessoas de sexo diferente podem ser amigas. Ou seja, não implica que temos de ter relações sexuais com todos os que amamos.
    E depois à questão "do fazer amor" ou "dormir com", fruto das traduções dos filmes e das novelas. Na minha opinião o amor não se faz, constrói-se, mas enfim...

    No relativo há relação entre duas pessoas a que te referes, o bug ou o "trojan", não é mais do que conflitos de egos, feitios e maneiras de ser e de estar. E isto é muito complicado, muito mesmo.
    Estar com uma pessoa e pensar, como é que me vou desembaraçar, ou como deixei chegar a relação a este ponto. São ciências não exactas, não há respostas certas ou caminhos mais acertados.
    Fundamentalmente, numa relação é o relacionamento (esta é um bocado Zen), são as pessoas darem-se bem, viver na mesma casa, respeitando o espaço de cada um, não haver "asfixia" de um sobre o outro.

    E quando assim é ...! As coisas até podem resultar, sem a necessidade de recorrer a anti-vírus.
    Sem esquecer, que o ser humano tem uma enorme capacidade de se ir adaptando às viroses, sempre prontos para novas estirpes.

    Abraço.

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